As empresas são feitas por pessoas e, para um bom desempenho profissional, o ideal são pessoas motivadas, felizes e engajadas, prontas para colocarem seus talentos profissionais à disposição.

Esta ideia foi compartilhada e desenvolvida por muitos anos, mas, atualmente, as empresas buscam preservar, também, a saúde de seus prestadores de serviço.

Para profissionais saudáveis, o investimento em equipamentos e maquinários ergonômicos, assim como as atividades laborais, são iniciativas que a organização pode ter para que todos tenham qualidade de vida. 

Por isso, alongue-se sempre, mantenha uma postura adequada diante de seus equipamentos de trabalho e estabeleça mudanças capazes de tornar sua vida mais saudável. Uma boa alimentação, respiração profunda e exercícios físicos também contribuem de forma positiva para sua saúde. Lembre-se sempre de que você é o único responsável pelas suas escolhas e rotinas benéficas.

Expandindo este pensamento, vamos dar ênfase também na qualidade de vida profissional além de cuidados corporais. 

  

Seguindo esse pensamento, vamos ampliar com a ideia de que para um corpo saudável, a mente necessita de amparos, acolhimento, já que não é possível separar os males corporais dos mentais. Mente e corpo trabalham unidos por consequência de serem ligados um ao outro. 

De acordo com a Revista Brasileira de Saúde Ocupacional os principais motivos de afastamentos e faltas dos profissionais são causados pela saúde mental. "Observou-se um número significativo de afastamentos por 'Episódios depressivos', reações ao stress grave e transtornos de adaptação; e outros transtornos ansiosos?." (Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, 2015, p.156-169).

Quando falamos em cuidar-se, cria-se relação direta com doença, médicos, remédios, hospitais, exames laboratoriais e, por outra perspectiva, alimentos funcionais, academia, pilates, yoga e outras tantas opções que se têm disponíveis.

Porém, poucos conseguem associar a questão do cuidar-se com a harmonização e equilíbrio do eu, diante do ritmo acelerado e impactante da vida moderna, no campo da autorresponsabilização, do pensar forma ampla e profunda, construir o caminho através de criação de vínculos saudáveis e principalmente com si próprio, coerência interna.

Os adoecimentos mentais não se restringem às patologias psiquiátricas graves, mas advém de coisas simples, conhecidas ou desconhecidas, para nós. São pensamentos, sentimentos e julgamentos, subjetivos e únicos em cada um. 

Bion, em 1962, equivale o valor das emoções como pedra fundamental da vida mental. "Elas são as responsáveis pela gênese do sentido, significação e do pensamento, mas também da loucura. [...] a emoção impõe um movimento à experiência que pode estar dirigido ao crescimento e à sabedoria ou também ao deterioro da personalidade."

Momentos íntimos, estar com a gente mesmo são preciosos. O autoconhecimento e o re-conhecimento de si, a valorização do interno sem ser por conveniência social, escolhas conscientes, o descanso e até dormir e sonhar fazem parte para que o psiquismo entre em equilíbrio e ajude o físico, eliminando possíveis doenças. Esse processo irá harmonizar o corpo e mente, diminuindo seus conflitos internos e resolvendo tudo com mais clareza e tranquilidade, já que os problemas presentes na vida não irão desaparecer.

Fazendo uma analogia para simplificar este pensamento, se considerarmos a saúde mental como uma casa, muitos de nós não conhecemos nossa própria sala de visitas.

No ambiente de trabalho, assim como na sociedade moderna, é tudo urgente e cada vez mais temos menos tempo para coisas essenciais. Mas, esse equilíbrio é possível e vital para prevenção dos transtornos emocionais, da diminuição das angústias, ansiedade e quaisquer doenças biológicas.

Uma das coisas mais difíceis e uma porta de entrada para o adoecimento humano é a frustração. Abrir mão das suas fontes de prazer, sua zona de conforto e renunciar a algumas coisas, neste caso específico, estamos falando em renunciar alguns desejos, vontades, convicções, valores e ideais pessoais, postergar necessidades biológicas, como sono, descanso, entre outros, para se garantir dinheiro e sustento, ser reconhecido profissionalmente ou até manter o trabalho, pode significar uma frustração, invisíveis aos olhos na maioria das vezes, mas nunca ao psiquismo.

Sendo assim, o ideal é estarmos conscientes de nosso corpo, incluindo as mínimas sensações que variam, como raivas, vontades, desejos, tristezas, necessidades físicas, entre várias outras. 

Para isso, o principal e inicial, de qualquer atividade interior, é o autoconhecimento, expansão do pensar e ao desapego, no sentido de flexibilidade no que supomos ser certo, padrões imutável e verdade absoluta. 

Renato Martino (2018, p.173) sugere um "movimento espiral no desenvolvimento mental", onde a mente humana pode funcionar como uma espiral progressiva na horizontal, com alargamento reflexivo. É um instrumento interessante para a expansão do autoconhecimento e re-conhecimento da nossa evolução emocional e psíquica.

Podemos ampliar este pensamento e observar que assim também é a vida, cheia de altos e baixos, fugir ou ignorar certas situações cotidianas não mudam a situação; é um movimento natural, lento, progressivo, onde momentos felizes, favoráveis e prazerosos ocorrem, assim como os que nos deixam "pra baixo". 

Portanto, a carga de nossas atividades laborais podem ser diminuídas através da análise e, aliada à ergonomia que requer sua atividade, a sua saúde também pode melhorar significativamente, trazendo pra você grandes ganhos e uma vida, além de mais saudável, com maior significado.

Referências bibliográficas:

FREUD, Sigmund. Um caso de Histeria, Três Ensaios sobre a Sexualidade e outros trabalhos (1901~1905). Rio de Janeiro: Imago, 1996. p.163-195. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, Volume VII).

MARTINO, Renato Dias. ACOLHIDA EM PSICOTERAPIA. 1. Ed. São José do Rio Preto, SP: Vitrine Literária Editora, 2018.

MARTINO, Renato Dias. O livro do desapego. 1. Ed. São José do Rio Preto, SP: Vitrine Literária Editora, 2015.

Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, 2015, p.156-169).