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A utopia da Independência
Postado em por Alessandra Martins
A utopia da Independência
"O desejo de poder que caracteriza a classe dominante em todas as nações é hostil a qualquer limitação da soberania nacional" (Carta Einstein e Freud Por que a guerra? (1933 [1932]))
A independência do Brasil foi o processo histórico de separação entre Brasil e Portugal que se deu em 7 de setembro de 1822. Por meio da independência, o Brasil deixou de ser uma colônia portuguesa e passou a ser uma nação independente. Mudanças sensíveis aconteceram campo cultural, econômico e até mesmo político e ocorrem até o presente momento devido ao processo de globalização e acesso cada vez mais facilitado a visitação e exploração de todos os espaços do universo, como diversos países, a lua, marte e mergulhos profundos.
Então, pensando num todo, que são as cidades, estados, países e continentes, independência seria inconsistente, falseada, já que há essa interligação geográfica, política e cultural, pois, este país depende uns dos outros para se estabilizar a economia, obter alguns alimentos e outros produtos que o país não produz.
O desenvolvimento humano, de acordo, de acordo com a teoria de D. W. Winnicott, a dependência no início da vida é absolta e chegamos no máximo na dependência relativa, onde começamos a encontrar o eu separado do outro. O indivíduo começa a buscar o ambiente, mas ainda necessita de cuidados de alguém. Portanto, não há independência total.
Por esse ponto de vista, para os países, acredito que não exista independência e sim uma independência relativa diante dessa mistura de povos, mercadológica e até financeira.
A emancipação de países não exclui a dependência, principalmente no pensamento de que essas separações, divisões e limites são determinados no campo do saber humano para organizar o mundo em sociedade.
Mas, o nosso ser interior se mistura com o todo e nos deixa em sensações e estados mentais alertas de guerras, hostilidade e medos que não necessariamente pertence ao ser individual, mas, às massas sociais que ditam normas, ideias e pensamentos que se misturam e podem impedir a nossa vivência diante desse todo, onde os impedimentos ocorrem pelas divisas ilusórias, geralmente de imperiosa necessidade de instituir mecanismos políticos, morais e jurídicos capazes de limitar a desenfreada violência que assola as relações internacionais.
?Por que a guerra?? É o diálogo entre Einstein e Freud (1933 [1932]) que ocorre em um dos momentos mais críticos da história recente da humanidade sobre guerra, iniciando o Holocausto e demais crises que não afetaram só um país, mas, o mundo.
"Estou convencido de que quase todos os grandes homens que, por suas realizações, são reconhecidos como líderes (...) compartilham os mesmos ideais. Mas têm pouca influência no curso dos acontecimentos políticos. Parece que praticamente o domínio da atividade humana mais crucial para o destino das nações está inevitavelmente nas mãos de governantes políticos totalmente irresponsáveis." (Carta Einstein e Freud Por que a guerra? (1933 [1932]))
A Independência do Brasil, assim como a de todo país, moldou a identidade nacional e estabeleceu os alicerces para a construção da soberania, que é o poder absoluto e perpétuo de um Estado-Nação, direito exclusivo de uma autoridade suprema sobre um grupo de pessoas. A utopia da independência, ou pseudo-independência.
Por tudo isso, desperta-se também as questões dessa dominação política que influencia as pessoas à fragmentação do seu ser, criando limites e guerras em si por uma nação e o impedindo do ser total pertencente ao todo, bem maior da realidade geográfica que, atualmente, está também em expansão e cheio de oportunidades individuais para o crescimento da sua nação.
Referências Bibliográficas
DIAS, ElSA OLIVEIRA. A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott. Rio de Janeiro: Imago, 2003
FREUD, S. (1933 [1932]) Por que a guerra? Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. XXII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

