GEPA - Grupo de Estudo Psicanálise do Acolhimento


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A grande questão que perpassa o sentimento de superioridade me parece ser a necessidade de autoafirmação, que é atenuada por meio da comparação com um outro supostamente inferior.

O ser humano se relaciona e se compara o tempo todo. E isso não necessariamente é ruim. O problema se dá quando o sujeito possui uma autocensura e autocobrança excessiva, fazendo com que ele se sinta inferior a outras pessoas. É exatamente essa sensação de inferioridade que exigirá uma atitude para equilibrar essa balança.

Sigmund Freud, o criador da psicanálise, a partir de seus estudos e observações clínicas, propôs a divisão da psique humana em três partes:

Id: instância inata, é inconsciente, responsável pelos nossos impulsos mais primitivos.

Ego: instância mediadora entre os impulsos das duas outras instâncias, o Id e o Superego. O ego vai sendo estruturado ao longo de toda a existência do sujeito, sendo o período da infância o mais importante nesta tarefa. Ele é responsável por integrar a psique com o corpo físico e o mundo externo.

Superego: instância que é uma construção social, um produto da cultura do sujeito, da maneira como a criança foi criada. É um ideal, um "deveria ser". É a censura e a crítica do sujeito.

Isto posto, uma criança criada de maneira rígida, por pais rígidos, pais que possuem dificuldade de reconhecer o real potencial dos filhos e, por isso, estão sempre cobrando, sempre criticando, sempre querendo mais, sempre desejando por seus filhos, essa criança se tornará um adulto com um superego extremamente opressor. A autocrítica desse sujeito o impedirá de reconhecer seus próprios talentos, de se sentir realizado em qualquer atividade que ele se ocupe, desde trabalhos até relacionamentos. Daí o sentimento de inferioridade e a inveja de ter/ser o que o outro tem/é. Uma das maneiras com que esse sujeito poderá se aliviar psiquicamente de tal situação é se colocando como sendo superior ao outro. O sentimento de superioridade é, portanto, fruto de uma crença na própria inferioridade.

Victor P. Faria